Análise Comparativa: Segurança Social em Portugal
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Segurança Social Duas Visões em Confronto

Segurança Social
Duas Visões em Confronto

Análise comparativa entre a visão da CGTP-IN e o programa do XXV Governo Constitucional

Gráficos e moedas a representar a gestão financeira e económica do Estado

Introdução

Esta página apresenta uma análise detalhada das diferentes perspetivas sobre a Segurança Social em Portugal. De um lado, a visão da CGTP-IN, que defende o sistema público, universal e solidário; do outro, as propostas do Programa do XXV Governo Constitucional.

A comparação revela abordagens distintas no financiamento, no valor das prestações e no papel dos regimes complementares, evidenciando os riscos associados à visão governamental, na ótica da Central Sindical.

Financiamento e Sustentabilidade

Visão CGTP-IN

  • O sistema é financeiramente robusto, com saldos positivos crescentes, tendo registado um saldo global de 5,5 mil milhões de euros em 2024.
  • A sustentabilidade assenta na Taxa Social Única (TSU) sobre os salários. O aumento dos salários e do emprego são cruciais para reforçar as receitas.
  • Propõe uma nova contribuição sobre o Valor Acrescentado Líquido (VAL) das empresas como receita complementar, sem substituir a TSU.
  • Alerta para a ameaça da privatização, defendendo que existe uma pressão constante para desviar fundos para regimes de capitalização privados, que são mais voláteis e arriscados.

Visão XXV Governo

  • A sustentabilidade do Estado Social depende da criação de riqueza e do crescimento económico.
  • A estratégia passa pela redução de impostos sobre o trabalho (IRS) para estimular a economia e o rendimento.
  • O programa não menciona novas contribuições sobre as empresas. A prioridade é a reforma fiscal e a simplificação.
  • O foco está em políticas de rendimentos que valorizam o trabalho e a poupança como motores da sustentabilidade geral.

Valor das Pensões e Apoios Sociais

Visão CGTP-IN

  • Considera que as pensões são "muito baixas", destacando que o valor médio da pensão de velhice era de 666 euros em dezembro de 2024 e que mais de metade dos pensionistas (51,2%) recebia menos de 500 euros.
  • Sublinha a penalização das mulheres, cujas pensões de velhice correspondem, em média, a apenas 62% do valor recebido pelos homens.
  • Reivindica um aumento significativo do valor de todas as pensões para repor o poder de compra como um direito de quem contribuiu.
  • Exige a reposição da idade de acesso à reforma para os 65 anos e a revogação do fator de sustentabilidade, que reduz o valor das pensões.

Visão XXV Governo

  • Propõe garantir que nenhum pensionista tenha um rendimento abaixo de 870€ através do aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI).
  • A prioridade é garantir um patamar mínimo de rendimento para os mais vulneráveis através de um instrumento de solidariedade (não contributivo).
  • Prevê a criação de mecanismos de reforma a tempo parcial para prolongar a vida ativa, acumulando rendimentos.
  • Propõe uma "Prestação Social Única" para simplificar os apoios não contributivos.

Regimes Complementares e de Capitalização

Visão CGTP-IN

  • Considera a promoção de regimes privados de capitalização como a principal ameaça e "ataque ao sistema" público.
  • Alerta para os elevados riscos dos regimes de capitalização, que dependem da volatilidade dos mercados financeiros.
  • Argumenta que os incentivos fiscais a estes regimes usam fundos públicos para beneficiar o setor financeiro privado.

Visão XXV Governo

  • Promove ativamente a poupança para a reforma através de incentivos fiscais.
  • Propõe a criação de contas-poupança isentas de impostos, inspiradas em modelos como os 401k.
  • Defende o reforço dos mecanismos de poupança com produtos financeiros específicos para trabalhadores.
  • Pretende elevar a literacia financeira da população para a preparação da reforma.

Principais Riscos (Perspetiva CGTP-IN)

Privatização e Desvio de Receitas

A promoção de benefícios fiscais para regimes privados é vista como uma ameaça que visa desviar contribuições do sistema público para o setor financeiro privado.

Modelo Assistencialista

O foco no reforço de apoios de solidariedade (como o CSI) em vez de aumentar as pensões contributivas, transforma um direito numa "esmola" e desvaloriza as carreiras contributivas.

Desvalorização das Contribuições

Focar a sustentabilidade apenas no crescimento económico e na redução de impostos, em vez de na valorização dos salários (principal fonte da TSU), pode diminuir as receitas do sistema.

Estigmatização dos Beneficiários

O discurso sobre "armadilhas de pobreza" e "efeitos de chamada" alinha-se com a narrativa da "subsidiodependência", usada para estigmatizar quem precisa de apoios e justificar cortes.

Reivindicações
CGTP-IN

Garantia do Financiamento

  • Aumento geral dos salários em, pelo menos, 15% (mínimo de 150€).
  • Eliminação de todas as isenções de pagamento de contribuições por parte das entidades patronais.
  • Implementação de um sistema eficaz de cobrança das dívidas ao sistema.
  • Intensificação da fiscalização a fim de detetar situações de subdeclaração e/ou não declaração de salários e de outras componentes retribuitivas.
  • Criação de novas fontes de financiamento, como uma taxa sobre o Valor Acrescentado Líquido (VAL) das empresas.

Reforço da Proteção Social

  • Aumento significativo do valor de todas as pensões.
  • Atualização regular de todas as prestações sociais.
  • Reposição dos 65 anos como idade de acesso à pensão de velhice.
  • Revogação do fator de sustentabilidade.
  • Revisão da proteção no desemprego para alargar o acesso e a duração dos subsídios.
  • Aumento do valor do subsídio de doença para 75% da remuneração (100% em doenças específicas).
  • Reposição da universalidade do abono de família para todas as crianças e jovens.

Melhoria dos Serviços

  • Investimento na melhoria do funcionamento dos serviços públicos da Segurança Social.
  • Contratação de mais trabalhadores para os serviços e valorização das suas carreiras.